Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Massachusetts Amherst desenvolveu uma tecnologia que transforma algo tão banal quanto o nosso suor em eletricidade utilizável. Sim, sua pele poderá um dia alimentar seu smartwatch ou carregar seu celular apenas caminhando, se exercitando ou até mesmo dormindo.
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Essa descoberta faz parte de um crescente interesse por fontes alternativas de energia que não dependam de combustíveis fósseis e que estejam constantemente disponíveis. E o que é mais constante do que o corpo humano?
De acordo com o estudo publicado na Nature Communications, o sistema utiliza uma película ultrafina feita de proteínas derivadas da bactéria Geobacter sulfurreducens, capaz de gerar eletricidade a partir da umidade ambiente... neste caso, do suor.

Como funciona essa bioeletricidade caseira?
A tecnologia se baseia no que os cientistas chamam de “biofilme condutor”. Esse biofilme, com menos de um micrômetro de espessura, consegue capturar a umidade da pele (principalmente suor) e converter essa diferença de umidade em corrente elétrica.
O princípio por trás disso é chamado de efeito gradiente de vapor, um fenômeno no qual a diferença na concentração de vapor d’água entre duas superfícies gera uma carga elétrica. Traduzindo: se sua pele estiver suando e o ar estiver relativamente seco, há uma diferença que pode ser transformada em energia.
Em experimentos, os pesquisadores conseguiram gerar eletricidade suficiente para alimentar pequenos sensores e luzes de LED. Mas especialistas afirmam que essa tecnologia pode rapidamente ser usada para alimentar dispositivos vestíveis, aparelhos auditivos sem fio, monitores de saúde e até mesmo ajudar a carregar um smartphone.
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Energia limpa e portátil: o fim dos carregadores?
A ideia de obter energia diretamente do corpo humano circula na ciência há décadas, mas quase sempre terminava em teorias ou projetos conceituais. Agora, pela primeira vez, estamos diante de um sistema funcional, portátil e relativamente barato.
E não é apenas conveniente: é limpo. Essa fonte de energia não gera resíduos, não requer baterias recarregáveis e opera continuamente enquanto houver umidade.
Os pesquisadores também enfatizaram que esse sistema é não invasivo: não são necessários eletrodos perfurantes ou irritantes. Trata-se de uma película flexível que adere como um curativo ao braço ou ao peito, funcionando como uma bateria orgânica em miniatura.
Suor como fonte de energia: ciência com um toque cyberpunk
O mais interessante sobre esse avanço é como ele nos faz repensar o corpo humano como algo mais do que um sistema biológico. No mundo imaginado por William Gibson ou pelos irmãos Wachowski, os corpos alimentam máquinas; neste caso, poderíamos ser nós que nos tornamos autossuficientes graças às nossas próprias funções fisiológicas. “Estamos entrando em uma era em que a tecnologia se integra ao corpo, não como uma prótese, mas como uma extensão de nossas habilidades naturais”, explicou o pesquisador principal Jun Yao em uma entrevista à Scientific American.

Isso abre as portas para uma nova classe de tecnologia “viva” que interage diretamente com nossos processos metabólicos. Um corpo caminhando pela cidade poderia alimentar sensores ambientais ou dispositivos pessoais. Imagine um relógio que nunca precisa ser carregado, porque você o alimenta.
Aplicações na vida real: além da academia
Embora essa tecnologia pareça feita para atletas — pessoas que suam constantemente —, cientistas garantem que ela também pode ser aplicada a situações em que a transpiração iva está presente: dormir, caminhar no verão ou até mesmo ficar nervoso durante uma entrevista de emprego.
Além disso, eles já estão considerando o uso dessa fonte de energia para ajudar comunidades isoladas onde o o à eletricidade é limitado. Dispositivos médicos que monitoram sinais vitais poderiam permanecer ativos sem a necessidade de carregadores ou cabos.
E como bônus: a energia produzida é corrente contínua, facilitando a integração em sistemas eletrônicos atuais sem a necessidade de conversores complicados.
Próximos os: melhorar a eficiência e escalar o sistema
Embora os resultados sejam promissores, os pesquisadores item que a quantidade de energia gerada ainda é limitada. Para dispositivos que exigem mais carga, como um smartphone, seria necessário aumentar a superfície de contato ou desenvolver materiais mais eficientes.

A boa notícia é que eles já estão trabalhando nisso. O laboratório da UMass Amherst está colaborando com engenheiros de materiais e designers de wearables para criar protótipos funcionais que poderão chegar ao mercado nos próximos anos.
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Eles também estão explorando a possibilidade de combinar o suor com outras fontes biológicas, como movimento ou calor corporal, para criar um sistema híbrido para geração personalizada de energia.